A Associação das Mulheres Indígenas Kiriri – ASSMIK, fonte de organização
das mulheres da comunidade de Mirandela, historicamente a comunidade de
contexto mais violento para com as mulheres, promoverá nos dias 04 e 05 de
Julho de 2013 na Aldeia Mirandela- Banzaê - BA, o I Seminário de Mulheres Indígenas
Kiriri, com intuito de promover interação das mulheres de todas as comunidades
indígenas Kiriri do estado, cuja estão localizadas no município de Barreiras (Leste)
Muquém de São Francisco (Oeste) e Banzaê (Norte) da Bahia.
“O projeto tem importância para as mulheres Kiriri devido estarmos
provando que continuamos lutando pela nossa cultura, nossos costumes, mesmo
depois de tantos anos sendo massacradas pela população não índia, no intuito de
preservar nossa história, nossa cultura e nossas tradições, através dos rituais,
produção do artesanato, da cerâmica culinária, roças comunitárias, caminhada e
limpeza dos limites do território, entre outros, ajudando as gerações a
valorizar quem somos. No entanto, a presença da mulher nos diversos espaços da
comunidade sempre foi fundamental, especificamente na lutas, além, para o engrandecimento
do povo Kiriri como muito ainda é colocado por liderança, mas brutalmente
invisível para as decisões.
A
participação das Mulheres Kiriri não teve visibilidade na luta, onde sempre
foram vista como “reprodutoras” para o engrandecimento do povo, a história das
mulheres é marcada pela falta de reconhecimento, abandono, pobreza, exclusão
social e comunitária, assim algumas chegavam a gerar mais de vinte filhos, sem
a condição de estudar e algumas era proibida pelos pais a não estudar, além a distancia
que era ir para escola, devido também aos conflitos dos não-índios, a condição
de vida precária e o contexto de exclusão total, as mesmas sempre vieram
trabalhavam na roça junto aos pais, porém, sempre estiveram inseridas em todas as atividades comunitárias,
colaborando com a lenha, a água, cozimento da comida dos diversos momentos
comunitários e da ciscagem do roçado. Durante as conquistas das terras a
presença delas foi necessária, outras sempre participaram das orientações para
Pajé, cacique e demais lideranças que atua nos dias de “concentração”. Algumas que foram violentadas sexualmente
foram oprimidas a não tomar atitudes, sendo ainda perseguida pelo agressor,
independentemente de ser liderança ou não, quando “desviada” da regra opressora
imposta por lideranças/conselheiro da comunidade, era submetida ao castigo no
centro da aldeia (em praça) e chicoteada por outra mulher, caso a mesma não
cumprissem a ordem era também castigada, para servi de exemplo para demais
mulheres, qualquer outra mulher não tinha a capacidade de interceder, terminado
este tipo de castigo a vinte sete anos atrás. No entanto, as comunidades
permanecem ainda com o silencio das mulheres, marcada pela submissão em relação
ao gênero masculino das próprias comunidades e lideranças, especificadamente na
comunidade de Mirandela. Desde então, a maioria não senti capaz de muda sua
historia, a exemplo de que de todas as lideranças Kiriri das aldeias
localizadas no município de Banzaê, não existe uma mulher.
Entretanto,
em 2009 ocorre a primeira reunião das mulheres da comunidade de Mirandela para
discuti espaço de inclusão e reconhecimento, que por diversas questões como a
falta de incentivo e falta de acesso as políticas publicas, que por diversos
motivos não dão continuidade, apenas no final de 2011 é ativado encontro,
passando a Representação de Mulheres a caluniada, quando também resultar inicio de 2012 à criação da Associação de
Mulheres Indígenas Kiriri, a qual através desta possibilitará a autonomia e
discussão nas políticas nos diversos espaços, o seminário representam
conhecimento e discussões dos direitos constitucionais, assim como afirmação do
ser mulher indígenas e fortalecimento das mulheres na comunidade, visando
garanti acesso as políticas publicas." (Edilene Batista Kiriri)
O I Seminário de Mulheres Indígenas Kiriri tem por objetivo;
- Valorizar a participação das mulheres indígena nas comunidades promovendo espaço de discussão, participação e atuação, assim como as diversas representações sociais, cujo objetivo é conscientizar para auto-reconhecimento de sua autonomia perante o povo indígena Kiriri;
- Desenvolver políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres indígenas no âmbito das relações domestica e familiares no sentido de resguardá-los de toda forma de negligencia, descriminalização, exploração, violência, crueldade e opressão;
- Promover espaço de discussão em perspectiva de seus direitos, assim como a socialização das Mulheres indígena Kiriri;
- Orientar sobre seus direitos e condições para o exercício efetivo dos direitos a vida, a segurança, a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, a moradia, ao acesso a justiça, ao esporte ao lazer, ao trabalho, a cidadania, a liberdade, a dignidade, ao respeito e a convivência familiar e comunitária;
- Desenvolver políticas de inclusão;
- Estabelecer medidas de assistência e proteção as mulheres em situação de violência domestica e familiar, promovendo garantia dos direitos humanos;
- Incentivar a liberdade de expressão nos diversos espaços comunitária, como social;
- Valorizar a presença da mulher indígena no desenvolvimento da história Kiriri.
- Mobilizar as mulheres das comunidades para organização das ações.
- Discutir de políticas publica para mulheres, leis e ações;
O evento será aberto para todas mulheres indígenas, assim como contará com a participação de outras mulheres indígenas do estado, visando contribuir com as discussões para fortalecimento e incentivo a participação das mulheres Kiriri.
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