21 de maio de 2011

ÍNDIOS COMEMORAM OS AVANÇOS NA EDUCAÇÃO INTERCULTURAL


MFoto Manu Dias - Secom

Pioneira na instituição da carreira de professor indígena no quadro do Magistério Público do Estado, através da Lei nº 12.046/2011, a Bahia celebrou, na sexta-feira (20), mais um avanço na educação intercultural indígena, quando cem índios receberam os diplomas de magistério das mãos do secretário da Educação, Osvaldo Barreto e do governador Jaques Wagner. A solenidade, realizada no Instituto Anísio Teixeira (IAT), foi aberta por uma apresentação de rituais típicos dos novos professores. A lei 12.046/2011 também prevê a construção de uma educação diferenciada, específica e com qualidade.
Com entusiasmo, a plateia recebeu do secretário da Educação, Osvaldo Barreto, a informação de que o próximo passo será a participação dos índios formados no concurso público, a ser aberto em breve. “A formação desses índios de 15 diferentes etinias contribui para o processo de consolidação da educação indígena na Bahia e a continuidade desse processo representa o resgate de um direito étnico-cultural que foi dizimado por uma elite, em consequência de uma política de colonização”.
“Para nós, do governo, o projeto político em curso na Bahia e no Brasil, conduzido por oito anos pelo presidente Lula e, agora, comandado pela primeira mulher presidenta do país, Dilma Roussef, é sustentado por valores de respeito pelo ser humano, sua cultura e etnias, as quais consideramos muito importantes”, afirmou o governador Jaques Wagner.
O secretário Osvaldo Barreto anunciou, ainda, que 15 escolas indígenas foram estadualizadas, o que consolida, na sua opinião, a política indígena do Estado. “A Secretaria da Educação dará continuidade a esse processo por entender que se trata de um direito de cidadania”.
Realização de um sonho – Visivelmente emocionado, o orador da turma, Laécio de Andrade, da tribo Quriri, de Banzaê, que chamou a atenção do governador pela sua voz “forte de locutor de rádio”, referiu-se à formatura como uma grande conquista, não só para os formandos, mas para toda a comunidade. “O magistério indígena proporciona a realização de um sonho que é oferecer uma educação de qualidade para nosso povo. Vencemos barreiras, vivemos experiências diversas e chegamos aqui, com nossos costumes, valores, tradições e crenças respeitados, sendo protagonistas de nossa própria história”, discursou, sob aplausos, e som dos chocalhos indígenas.
A índia Jasmim Pataxó, da tribo pataxó de Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Cabrália, por sua vez, disse que a formatura do magistério intercultural representava um momento “muito especial” na vida do povo indígena da Bahia, independete da etnia. “Significa a conquista de um objetivo que é passar um pouco do que aprendi para o meu povo”, declarou. Atã Xohã, da tribo tupinambá de Olivença, também considera a formatura uma vitória de toda a comunidade indígena. “A educação do índio é um processo que sempre envolveu muita luta. Com essa formação teremos a certeza de que seremos mais valorizados”.
A coordenadora de Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado, Rosilene Cruz, ressaltou que a formação de professores indígenas – que vem sendo investida pela Secretaria desde 2007, a partir de um programa regular para atender aos professores em suas comunidades – visa melhorar a prática pedagógica em sala de aula. “Também serviu para prepará-los para concorrer a concursos públicos de magistério, com todos os direitos trabalhistas garantidos.
Desafios – Com a formatura do magistério indígena, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia vai garantir que todos os professores indígenas tenham, pelo menos, o ensino médio. O novo desafio, conforme o secretário Osvaldo Barreto, é assegurar que todos os formandos tenham acesso à licenciatura intercultural indígena, que é ofertada pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e pelo Instituto Federal da Bahia (Ifba).

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